Educação

Cortes suspendem aulas práticas na Gastronomia da UFPel

Reitoria também anunciou medidas de contenção; faltam recursos, inclusive, para o pagamento da conta de luz referente a setembro

Paulo Rossi -

O curso de Gastronomia deve ser o primeiro a ter aulas canceladas devido à falta de recursos na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Desde o efetivo contingenciamento das verbas de custeio praticadas pelo Ministério da Educação, esta é a pior situação enfrentada pelo curso, que tem praticamente 90% das atividades desenvolvidas em aulas práticas.

Além da Gastronomia, os cortes também fizeram a universidade adorar medidas como suspender serviços de manutenção e de reformas, o abastecimento de veículos e a proibição do uso de ares-condicionados e estufas. As medidas foram informadas às unidades acadêmicas nesta sexta-feira (13), em uma circular enviada pelo reitor Pedro Curi Hallal.

"É uma necessidade. A água já passou do pescoço e está nos deixando sem respirar. Paliativamente estamos tomando medidas para que ela demore um pouco mais para nos afogar", argumenta o reitor Pedro Curi Hallal. Toda a Universidade pode ter as atividades paralisadas em outubro, caso não haja uma mudança nesse cenário. Luz, água e internet referentes a setembro são algumas das contas que não serão pagas a partir de outubro.

"As contas deste mês, conforme avisamos lá no começo, nós não temos como pagar. Elas vencem no início de outubro, mas já sabemos que não teremos como pagar nenhuma delas", confirma o reitor Pedro Curi Hallal, que considera a situação como urgente e desesperadora.

Entre as medidas adotadas nesta sexta-feira, estão a proibição do uso de ar condicionados e estufas, abastecer veículos somente para saídas de aulas práticas, cancelar o edital para auxílio a eventos, redução de despesas administrativas e de energia elétrica. "Para que a gente consiga sobreviver mais alguns dias, quando vai terminar este recurso. Seguimos na batalha para que o desbloqueio ocorra", disse o reitor.

Curso de panelas vazias
Na manhã da última terça-feira (10), um grupo de alunos aprendia técnicas de "Pad Thai", uma espécie de macarrão com legumes com origem na Tailândia. Ao contrário do ideal, quando cada grupo prepara de quatro a cinco pratos por bancada, cada grupo preparava apenas um, subdividindo tarefas que deveriam ser executadas e ensinadas por todos os colegas.

"A gente já vem reduzindo, enxugando sem prejudicar o aluno e o ensino", contextualiza o professor Alcides Gomes. Uma das formas encontradas são as chamadas aulas-show, quando um chef de cozinha é convidado a fazer uma apresentação de algum prato para os alunos. Visitas técnicas a estabelecimentos e indústrias do ramo da alimentação, previstas no calendário para o segundo semestre, aos poucos vão sendo desmarcadas.

Formatura pode ser adiada
O caso da turma visitada pela reportagem é emblemático. As últimas aulas do último semestre vão até o final deste mês, conforme calendário próprio do curso, que depois prevê um período de estágios obrigatórios. No entanto, a dúvida entre os alunos é se haverá recursos para a realização das provas, que também são práticas.

"No que estão transformando a universidade? Eu penso como mãe. Meu filho ano que vem vai entrar na faculdade. Que UFPel teremos no ano que vem?", questiona a estudante Vanessa Monteiro. Neste momento, relata, as aulas são planejadas conforme os itens dispostos na prateleira.

Situação difícil de ser administrada
Classificado como de nível tecnológico, a Gastronomia da UFPel integra a Faculdade de Nutrição. Olhando para o histórico de orçamentos dispostos para o curso, a diretora Silvana Orlandi vê a dificuldade aumentar. Até 2017, o curso dispunha de uma média de R$ 57 mil anuais. "Neste ano, até agora, a gente teve R$ 26 mil. Só em mantimentos e insumos, a gente calcula que precisamos de R$ 24 mil por ano", faz o comparativo.

Com a última compra, na semana passada, restou pouco mais de R$ 2 mil, que já tem dois terços do valor destinado ao conserto de uma impressora do curso. "Quando acabar o que temos em estoque, não teremos mais aulas práticas se não tiver um novo recurso disponível", afirma a diretora. O diretor do curso, Wagner Halmenschlager, também confirma que a previsão é paralisar aulas práticas até o final deste mês. "A conta de luz já não foi paga este mês. Nossa previsão é ir até o final deste mês", estima.

 

 

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